Entenda o DHARMA e seja feliz aqui e agora!

Yoga Nosso de Cada Dia

Dharma nada mais é do que a verdadeira expressão de você mesmo. Pensando dessa forma fica mais fácil de entender este conceito.

Quando temos consciência clara de quem realmente somos, tudo que devemos ou decidimos fazer na nossa jornada chamada vida, passa a acontecer com naturalidade e equilíbrio.

Conhecer o caminho do Dharma é libertador, especialmente quando estamos tocando a nossa vida fundamentada em orientações externas de outras pessoas que, na maioria das vezes, estão precisando de auxílio tanto quanto nós, ou até mais. Não importando muito aqui qual é o grau de relacionamento que temos com tais pessoas, podem ser parentes, amigos, ou até mesmo, profissionais de várias áreas da vida. Quando a nossa mente se encontra confusa, conturbada, é natural buscarmos ajuda externa e não há nada de errado com isso, porém é preciso saber filtrar, e não pautar toda a nossa caminhada no que vem de fora.

Quando entramos em contato com o caminho do Dharma, é como se estivéssemos em um carro desgovernado e, nesse momento, voltássemos a controlar o volante e os pedais desse carro. É uma sensação de segurança e poder, mas também de responsabilidade, afinal a direção da nossa vida está exatamente, em nossas mãos. Pode parecer um pouco assustador, mas é na verdade, confortador. Você, e só você, é responsável por você e por tudo o que lhe acontece.

Precisamos aqui voltar ao conceito de Karma, que nada mais é do que ação, porém conscientes de que não existe ação sem consequências, sejam elas positivas ou negativas. Cada ação, cada passo, por menor que seja, vai dar origem aos próximos passos da nossa caminhada.

Certamente você já ouviu falar sobre Dharma com o conceito de propósito, como o grande propósito da vida, aquilo para o quê você nasceu. Aquilo que você veio fazer neste mundo, a sua missão. Não há nada de errado com este conceito, desde que ele seja corretamente compreendido.

Na maioria das vezes as pessoas se perdem na busca de desse grande propósito, se sentem perdidas, pois não conseguem ter clareza se estão de fato realizando o que vieram fazer aqui. Geralmente isso acontece porque costumamos entender propósito ou missão como algo genial, grandioso, capaz de mudar o mundo, quase inatingível ou pior ainda, atingível por poucas pessoas com grandes méritos e não por nós, seres humanos comuns. O que acontece com isso é que gera muita angústia, sensação de impotência, frustração, ansiedade e depressão em muitos casos.

Tudo fica mais leve e mais acessível quando conseguimos entender que Dharma é aquilo que precisa ser feito no aqui e agora. Dharma é essência e dever. Podemos pensar em dever como sendo uma coisa imposta, mas é importante frisar aqui que quando estamos falando de Dharma, dever é aquilo que vem da sua verdadeira essência, é aquilo que precisamos fazer, mas que executamos naturalmente, com atenção plena e mente focada no aqui e agora, sem apegos desnecessários. É ser a melhor pessoa que você puder ser em qualquer ação, em qualquer momento, em qualquer tarefa da vida.

O Dharma, a missão, o propósito está em cada instante, em cada encontro, em cada palavra, em cada pensamento ou ação, por mais insignificante que pareça ser.

Segundo Giridhari Das, “em vez de focar no futuro, na crença ilusória de que alguma combinação de realidade externa (coisas, pessoas, situações), será a chave para a sua felicidade, o foco está em simplesmente viver bem a vida, aqui e agora, centrado no seu Dharma. A vida está acontecendo a todo momento. É um fluxo, uma constante corrente de eventos. O desafio é estar completamente presente no momento presente, conforme ele acontece. A felicidade surge de cumprir o seu Dharma bem, aqui e agora… sendo a melhor pessoa que você pode ser hoje, neste exato momento, sincero consigo mesmo. É simples assim.”

Ainda segundo ele, “não há necessidade (e, francamente, pouquíssima utilidade) em ficar sonhando acordado com o futuro. A realidade é mais bela do que qualquer sonho, se você simplesmente aprender a acessar isso por completo. Eventos futuros se descortinarão sob a força todo-poderosa do tempo. A vida, em sua maior parte, acontece de maneira muito diferente do que qualquer coisa que você sonhou/imaginou anteriormente. E isso não é algo ruim, nem algo bom. Apenas é. Trata-se da realidade. Quanto mais conseguimos nos sintonizar com a realidade, mais felizes ficamos… você deve buscar paz e felicidade na vida como ela é, na benção maravilhosa de estar ativo em seu Dharma, de estar vivo, agora mesmo.”

E para acalmar o nosso coração com relação àquela grande busca de descobrir o Dharma, o propósito, a missão, o que cada um de nós veio fazer nesse mundo, é importante saber que existem sete categorias de Dharma, que vão nos ajudar a entender melhor o que ele realmente é, onde se apresenta, como identificá-lo e como viver a rotina diária de acordo com o Dharma. E o mais importante, saber que durante as 24 horas do dia, você poderá vivenciar todos eles, dependendo de cada situação.

A seguir, as 7 categorias de Dharma:

1. DHARMA VOCACIONAL

O primeiro Dharma dessa lista, para a maioria das pessoas, é o mais difícil de todos. Dharma Vocacional é aquilo que chamamos de vocação, de dom. Nasce da própria natureza da pessoa, é aquilo que você não consegue deixar de fazer, mesmo que outras pessoas façam isso muitas vezes melhor do que você, ainda assim você se sente pleno, em harmonia e feliz ao executar tal tarefa, pois ela é a sua vocação.

Embora algumas pessoas tenham consciência dessa vocação desde tenra idade, para outras isso pode ser bem mais complicado, pois o que a sociedade nos ensina é que precisamos nos desenvolver com o objetivo principal de ter dinheiro. Ou seja, para alguém ser considerado bem-sucedido, um vencedor na vida, é necessário obrigatoriamente que ele tenha dinheiro, o que é uma bela ilusão.

Nunca é tarde, porém, para descobrirmos a nossa vocação. Para auxiliar nessa busca, seguem algumas dicas:

– Ao meditar sobre o que você realmente gosta, o que faz você feliz, aquilo que você não consegue deixar de fazer independente do seu grau de perfeição ou não naquilo, remova dessa busca todas as questões de ordem prática, seja a sua verdadeira essência, sem dar qualquer atenção a fatores externos a ela até encontrar as respostas que a sua alma busca.

– Não pense se o que você ama fazer dá dinheiro ou não. Use um argumento, para a sua mente não lhe sabotar, pensando assim: Se eu ganhasse um grande prêmio e tivesse muito dinheiro hoje, o que eu gostaria de fazer para alimentar a minha alma? Entregue-se a essa reflexão e anote todos os insights que tiver.

– Esqueça a pressão da sociedade que costuma rotular a tudo e a todos. Estamos cansados de encontrar pessoas verdadeiramente felizes e realizadas, executando profissões consideradas mais simples, ou até inferiores para alguns, enquanto outras pessoas, ocupando altos postos nos mais elevados escalões da sociedade, que embora aparentando força e poder quando estão em público, ao ficarem consigo mesmas são completamente infelizes, perdidas, sem rumo, solitárias e tristes.

– Não pense apenas no que você gostaria de fazer, procure identificar aquilo que mais atrai você de forma natural, aquilo que você faz com leveza com a alegria e espontaneidade de uma criança brincando.

– O mais importante de tudo é olhar para dentro do seu coração, mergulhar sua mente e consciência em comunhão com o seu silêncio interno, e sentir a sua verdadeira natureza.

– Busque dentro de você, primeiro as respostas de quem você realmente é, e o que você quer de verdade. E segundo, desenvolva a coragem de ser o que você quer ser, de fazer o que a sua alma veio fazer neste plano físico, não permita que o medo do futuro paralise você.

2. DHARMA NATURAL

No Bhagavad Gita Krishna deixa claro que existem três necessidades naturais, as quais o ser humano deve satisfazer da melhor forma possível. Nosso corpo físico, precisa comer e dormir; nossa mente precisa de lazer. E é isso que entendemos como nosso Dharma Natural. Porém, em tudo deve haver o equilíbrio, inclusive no que se refere às nossas necessidades naturais, nem demais, nem de menos. Sempre levando em conta que todos nós somos Seres diferentes uns dos outros, portanto o que é suficiente ou exagerado para uns não é para outros, ou até mesmo em relação a uma mesma pessoa, em diferentes momentos de sua vida, esse ponto de equilíbrio pode mudar de lugar ou de quantidade.

Todos nós temos um dia com as mesmas 24 horas, por isso a sabedoria está em ser consciente o tempo todo, de que durante esse período precisamos mudar de Dharma inúmeras vezes e é aí que está o segredo de viver plenamente o seu Dharma; é estar atento para todos os fatos que ocorrem em nossa caminhada de 24 horas e ter discernimento e clareza para saber que cada coisa que está acontecendo não é um castigo, não é um infortúnio ou uma perseguição, cada fato da vida está relacionado com alguma consequência gerada por nossas ações no passado. E mais do que isso, o importante é termos a flexibilidade para mudar de um Dharma para outro no decorrer do dia, entendendo e aceitando cada acontecimento com uma linda oportunidade de fazer melhor dessa vez.

Viver corretamente o seu Dharma Natural é levar a sério todos os acontecimentos simples da vida, tais como reservar um tempo para comer, como um dever sagrado e não apenas engolir qualquer alimento correndo e fazendo um milhão de outras coisas ao mesmo tempo. Dormir não é perder tempo, você deve organizar a sua vida de forma que possa dormir o suficiente para manter o corpo saudável e repleto de energia. Entender o dormir como parte de seu Dharma Natural, significa que além de dormir o necessário para a saúde física, você também precisa criar as condições adequadas para dormir bem, ou seja, quando for para a cama não leve junto os seus outros Dharmas, como o trabalho, por exemplo, que faz parte do Dharma Ocupacional; pois ele terá, ao amanhecer de um novo dia, o seu momento exato para ser vivenciado.

Quanto ao prazer, o princípio é o mesmo, você deve organizar sua vida para ter momentos de lazer, de férias, de se divertir. Cada coisa em seu devido lugar, na medida certa, e principalmente em equilíbrio.

3. DHARMA OCUPACIONAL

Se você já descobriu a sua vocação ou não, isso não pode interferir na qualidade do seu trabalho, daquilo que você faz para viver. Se você aceitou um trabalho ou um programa de estudos que está deixando você louco, de cabelo em pé, cansado demais, estressado, sem tempo para nada, alguma coisa não está certa nessa situação e precisa ser alterada. No mínimo, você precisa rever os seus conceitos, pois o trabalho que você faz, nada mais é do que o seu Dharma Ocupacional e é ele que absorve a maior parte do seu dia, da sua vida, portanto, seja ele ou não a sua vocação, ele tem que ser vivido com clareza, equilíbrio, responsabilidade e da melhor forma possível, pois se for para criar mais karmas negativos melhor não fazê-lo.

E não adianta se agarrar aos argumentos: não tenho tempo para me divertir, não tenho dinheiro para sair de férias, não posso perder esse emprego de jeito algum, meu emprego é horrível, meu chefe é injusto, mas já estou quase me aposentando, tenho que aguentar mais alguns anos… e assim por diante.

Toda essa confusão de pensamentos e sentimentos estão sinalizando que a sua mente está fora de controle e precisa ser freada e reorganizada. Trabalho e estudos não devem nunca ter o simples objetivo de ganhar dinheiro, de conseguir um diploma para ter no futuro um bom emprego. Esse tipo de atitude vira uma prisão onde você é mantido sob regime de tortura e, pode acreditar, isso não é nada bom nem para o seu corpo, nem para a sua mente e muito menos para a sua alma.

Seja qual for a situação, traga o foco de volta, faça cada coisa de uma vez, esteja presente no instante presente, entenda o seu Dharma Ocupacional realizando as suas tarefas com excelência, mas apenas aquelas que cabem nas 24 horas do dia de todos nós.

Lembre-se, excesso de trabalho/estudo/ocupação desequilibram o seu Dharma, assim como qualquer outro excesso, porém é no Dharma Ocupacional que esses excessos mais se fazem presentes, uma vez que esse é um Dharma que nos fascina, acenando com a possibilidade de que teremos muito dinheiro, e com ele teremos mais felicidade, mas isso é uma grande ilusão. Ver o seu trabalho como um Dharma deve ajudar a estabelecer limites e prioridades em sua vida.

4. DHARMA PESSOAL

Cada relacionamento em que nos envolvemos, seja ele de que natureza for, cria uma demanda de responsabilidade e atenção de nossa parte. Ser pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos, amigos, colegas de trabalho, alunos, professores, vizinhos, empregados ou patrões, enfim, todos os nossos relacionamentos são importantes e exigem de nós atenção e responsabilidade.

Olhando para toda essa teia de relacionamentos que geram outros relacionamentos, é meio preocupante em certos momentos, pois podemos achar que é muito difícil ser tudo o que todos esperam de você, e é mesmo.

Como então encontrar uma solução adequada para essa questão?

O Dharma pessoal possui uma importância enorme em nossas vidas; o segredo é ver todos esses relacionamentos como um dever sagrado, sem deixar nunca de se ver também como um ser sagrado caminhando em busca do equilíbrio de todos os seus Dharmas. E novamente, a resposta é manter o foco, estar inteiro e verdadeiro naquilo que estiver fazendo, onde, quando e com quem for.

5. DHARMA COMUNITÁRIO

Somos todos parte de uma comunidade, nascemos ou vivemos numa cidade, num estado, num país e isso nos torna responsáveis também por todo o nosso entorno, pois nossos benefícios e responsabilidades são compartilhados com um grupo maior. E esse é o Dharma Comunitário, o qual precisa ser entendido e vivenciado, como um chamado para tornar a vida melhor, não apenas a sua, mas a de todos que fazem parte desse grande grupo. Afinal, por algum motivo vivemos neste local, neste tempo e não em outro, sinal de que temos aqui algo a resgatar.

6. DHARMA UNIVERSAL

Precisamos ter sempre em mente que estamos todos conectados. Segundo o Tantra mundo é uma teia, onde tudo, de algum modo, está conectado. O Dharma Universal vai além de quem sou eu, de quem faz parte do meu Dharma pessoal e do Dharma Comunitário. Estamos conectados não apenas com os seres da nossa espécie, mas com todos os habitantes do planeta Terra. Cuidar da natureza, ser um consumidor consciente, reciclar tudo que for possível, ser sensível e estar disponível para ajudar em grandes catástrofes, ou situações de sofrimento em qualquer nação do planeta, enfim, esse é o Dharma Universal, onde todos nós somos responsáveis por tudo e por todos que nos rodeiam, onde também precisamos nos manter conscientes no cumprimento do nosso Dharma do melhor jeito possível.

7. DHARMA ESPIRITUAL

Nosso EU espiritual é a definição derradeira de quem somos de verdade, de quem somos em essência. E aqui precisamos refletir um pouquinho sobre o que chamamos de Dharma Espiritual. Independente de acreditar ou não que somos mais do que esse corpo físico transitório, sujeito a doenças e à morte, ainda assim podemos encarar o Dharma Espiritual como uma maneira de nos tornarmos a melhor versão de nós mesmo, no aqui e agora. E também como uma forma de ser o mais justo e correto possível, não só com os outros, mas principalmente consigo mesmo.

Viver de acordo com o nosso Dharma Espiritual, significa assumir, de verdade, a responsabilidade pelo autoconhecimento, pelo nosso desenvolvimento e evolução espiritual.

Entender o Dharma e viver de acordo com os seus princípios, torna a nossa vida mais fácil, mais simples, menos estressante, com mais fluidez, em todas as suas áreas.

Entendendo como o Yoga se encaixa nos conceitos de Karma e Dharma, de uma maneira clara, simples e objetiva, temos o seguinte:

– Karma Yoga: para viver a essência do nosso Dharma, precisamos aniquilar os Karmas negativos de nossas vidas passadas e parar de gerar novos. O Karma Yoga, Yoga da Ação desinteressada, é o caminho sob medida para isso.

– Jnana Yoga: o segundo passo no caminho da evolução espiritual, está vinculado ao autoconhecimento, o que muito bem nos proporciona o Jnana Yoga, onde a meta é o estudo profundo e sincero das escrituras, onde teremos a oportunidade de acessar esse conhecimento e através dele promover o autoconhecimento e o desenvolvimento como Seres espirituais.

– Bhakti Yoga: no Bhakti Yoga, o caminho para Deus, ou para a iluminação, é a devoção. Aqui o foco é viver sem apego algum, onde tudo o que somos e tudo o que fazemos é dedicado a Deus, ao Ser Supremo, à Consciência Cósmica. E somente quando essa entrega total acontece se torna possível interrompermos a Roda de Samsara, o ciclo quase interminável de nascimentos, mortes e reencarnações, atingindo Moksha, libertação.

Desejo a você, caro leitor, uma linda jornada por aqui, sempre atento ao seu Dharma.

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